Antes de comprar as coisas
Muitos acham que basta comprar máquinas gráficas e automaticamente se tem uma gráfica.
As coisas não são bem assim!
Como qualquer negócio, é preciso planejar muito bem para que tudo dê certo.
Temos que avaliar o mercado, descobrir que público vamos atender, verificar os equipamentos necessários para produzir os produtos pretendidos, saber quanto tempo teremos que esperar para ter retorno, quem irá operar os equipamentos, quais os tipos de treinamentos necessários, e muito mais.
Tudo isto faz parte do estudo inicial que chamamos de “plano de negócios”.
Ao começar uma pequena gráfica, o plano de negócios é com certeza o primeiro passo a ser dado. Sem ele, 90% das empresas quebram e apenas 10% dão sorte de encontrar um nicho tão forte que suprima a necessidade do plano, cedo ou tarde o plano é necessário.
Se você fizer o plano de negócios desde o começo, sua chance de sucesso sobe para mais de 60%, isso depende mais da qualidade das informações do plano do que de qualquer coisa.
Então, primeiro passo: plano de negócios!
Análise do público alvo
Você compra uma copiadora… e aparece uma indústria querendo embalagens… nada feito… equipamento errado.
Vai comprar uma máquina de grande formato, acopladora, corte e vinco… aparece uma senhora para fazer os convites da filha… vai se dar mal… as prestações dos equipamentos vão chegar e não vai dar para pagar fazendo convites!
Deu pra entender onde vai parar a questão do público alvo?
É simplesmente impossível começar um negócio com todos os equipamentos que existem no mercado. Existem mercados de varejo e mercados de atacado… por isso precisamos definir qual será a atuação da empresa.
Simplesmente, antes de começar, pense nos produtos que pretende oferecer. Pense nos tipos de cliente que você deseja que batam na sua porta.
Há mercado para atender pequenos clientes (muitos clientes) e mercados para poucos clientes (mas que compram muito). Descubra, antes mesmo de abrir a gráfica, quem é o seu cliente.
Sabendo o cliente, qual o produto?
Agora que sabemos quem será o nosso cliente, precisamos definir que produtos serão oferecidos.
Se você tem pouca verba, sugiro começar com clientes pequenos. Eles precisarão de convites diversos, cartões em pequena tiragem, panfletos simples e coisas do gênero. Você ainda pode escolher se irá atuar mais com empresários ou pessoas que estão fazendo festas de aniversários ou casamentos. Os produtos criados para atendê-los serão diferentes.
Por outro lado, se seu perfil é é atuar na área industrial, você deve se equipar um pouco melhor e focar no ramo de embalagens. Neste caso, o capital de giro será maior, pois com certeza todos irão pedir prazo.
Ao definir os produtos, você saberá que equipamentos comprar.
Lembre-se que você está iniciando o negócio e simplesmente não dá para atuar em todos os nichos de seu mercado. Compre 1 ou 2 equipamentos, faça produtos usando estes equipamentos e consiga compradores. Depois que as coisas estiverem sob controle, pense em adquirir equipamentos complementares.
Uma coisa boa de se falar: Terceirizar parte do processo é uma opção. Muitas gráficas grandes terceirizam um ou outro processo, até que tenham demanda o suficiente para assumir um novo.
Tipos de equipamento
Se é você que vai desenvolver as artes, precisará necessariamente de computadores com programas gráficos. Acho que hoje, toda gráfica tem um computador. Mas existe a possibilidade de terceirizar este serviço, se sua empresa for muito pequena e não tiver ninguém para operar o equipamento. Imagine que você tem apenas uma guilhotina e uma offset e você mesmo opere. Pode valer a pena terceirizar a parte de arte final, fotolito e gravação de chapa, neste caso, o computador se torna desnecessário.
A segunda coisa a se pensar são impressoras desktop (ou de mesa). Nessa categoria temos as impressoras jato de tinta e laser (P&B e cor). Elas são necessárias para mostrar o que vai ser impresso para o cliente.
Algumas gráficas utilizam destes equipamentos para gerar parte de sua produção. Mas vale salientar que elas não são impressoras de produção e se muito utilizadas e exigidas, logo,irão quebrar.
Caso seu público alvo seja bem atendido por impressoras de mesa, chegará a hora de adquirir impressoras de produção. Aqui podemos listar as copiadoras coloridas, impressoras laser de produção (ou similares), plotters de impressão e de recorte e impressoras digitais.
Se o custo e tiragem são primordiais, será necessário fugir das máquinas de mesa e de produção e será necessário investir em outras tecnologias.
A mais comum é a offset. Esta pode ser monocromática, bicolor, quadricolor ou maior. O tamanho da folha impressa também é muito variável. Temos máquinas com formato 8, 4, 2 ou 0. Não entendeu? O tamanho da folha vai de um A4 até o tamanho A0.
Existem outras tecnologias específicas para outros nichos. Posso citar o serigrafia, flexografia, fotogravura e outros mais.
Fora a impressão, temos que pensar nos acabamentos. Aqui também há equipamentos para todos os portes.
Um dos mais necessários são as guilhotinas. É quase impossível se trabalhar sem elas. É claro que sempre se pode usar uma régua e um estilete… mas imagine cortar 1000 folhas ou mais no estilete. É simplesmente impossível!
Se você pretende se tornar um profissional, deve usar guilhotinas de boca. Elas podem ser manuais, semi-automaticas ou automáticas. Todas elas possuem cerca 30 cm até uns 120 cm de boca, numa altura de vai de 1 cm até uns 15 cm de altura de corte. As manuais usam uma alavanca para fazer o corte. As semi-automáticas usam posicionamento manual das folhas e da prensa, mas a lâmina é acionada por motores. Na automática todo processo é automatizado. Quanto mais automatizada a guilhotina, mais rápido e preciso é o corte.
Outro equipamento muito usado são as plastificadoras e laminadoras. Aqui também, você tem aparelhos para diversos tamanhos e aplicações. Temos desde as plastificadoras do tipo usado para plastificar documentos, até as laminadoras usadas na laminação de capas de livros.
Uma coisa também muito comum hoje em dia, são as máquinas para verniz UV. Aqui se usam diversos equipamentos adaptados para o processo. Ofssets, máquinas serigráficas, curadoras UV, e outros mais.
Você sabe que nem todo corte é reto! Uma outra série de equipamentos são as máquinas de corte e vinco. Aqui temos equipamentos pequenos que usam facas gráficas (chamadas de mesa), ploters de recorte, máquinas pesadas de corte e vinco (tipo tipográficas), automatizadas como as de flexografia e até mesmo máquinas a laser.
Agora, imagine ter todas as máquinas aqui citadas, em seus diversos tamanhos, de modo a atender todo tipo de cliente que aparecesse. Quanto isto iria custar? Imagine quantos funcionários seriam necessários para operar tudo isto? Lembre-se que um operador de corte e vinco tipográfico não saberá operar uma de mesa e vice e versa.
Funcionários – O item mais precioso!
Aqui está uma dos recursos mais escassos e valiosos.
Sem funcionários certos, não adianta ter equipamento nenhum.
Um bom funcionário, versátil e capacitado, elimina a necessidade de diversos funcionários e permite ter equipamentos mais modernos com maior produção!
Por outro lado, funcionários com baixa capacidade só podem operar equipamentos mais simples e lentos, diminuindo muito a produtividade.
Daí a necessidade de pensar bem sobre este item. Muitas vezes é necessário escolher pessoas espertas e motivadas e investir na sua formação.
Além disso, temos que investir em bons salários, de modo a não perder estes funcionários.
A minha dica aqui é a seguinte: Não é quanto se paga que segura um funcionário e sim o ambiente de trabalho e a motivação. Não podemos pagar pouco, pois muitos estarão oferecendo mais que você e a chance de perder o funcionário será grande.
Mas se o clima organizacional é muito bom e a motivação é excelente, quem vai arriscar sair desta excelente empresa para receber quase a mesma coisa?
Pense bem ao fazer seu plano de negócios neste item. Veja se tem pessoal disponível para operar os equipamentos necessários.
Vale até a pena, contratar os funcionários antes de adquirir os equipamentos. Assim você envolve o mesmo na escolha, motivando-o a usar o equipamento (que para ele vai ser um “brinquedinho” novo) e pode aproveitar para ter o treinamento apropriado por parte da revenda dos equipamentos.
Juntando tudo!
Agora já temos clientes escolhidos, produtos definidos, equipamentos comprados, funcionários admitidos, tudo seguindo seu plano de negócio.
Haverá a necessidade de fazer ajustes no caminho. Seu mercado pode mudar. Equipamentos e funcionários, podem não funcionar como o prometido. Tente também manter as contas no azul por algum tempo, mesmo sem depender das vendas. No início aparecerão poucos clientes. Com o tempo eles aumentarão em número.
Para este momento inicial, temos que ter recursos em abundância para não quebrarmos.
A maioria das empresas morre por causa de falta de Fluxo de caixa. O dinheiro para alimentar a empresa nestes primeiros momentos. Fique muito alerta quanto a isto. Ouça seu administrador ou contrate um consultor administrativo.
Conclusão
Abrir uma gráfica, mesmo pequena, não é uma tarefa a ser feita de modo displicente.
Mesmo que seja chato, é muito necessário fazer um plano de negócios.
Você vai perceber que, mesmo que mudemos ele com o passar dos tempos, ele será o alerta de que algo está correndo fora do esperado e te dará tempo de ajustar o rumo antes de quebrar.
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